Mais de 70 pessoas da região
sudoeste da Bahia participam de formação em convivência com o Semiárido.
Foto:
Juliano Vilas Boas/CASA
|
Entre os dias 15 a 17 de junho
aconteceu em Caetité, na Bahia, o Encontro de Formação em Convivência com o Semiárido,
envolvendo equipes técnicas, pedreiros, monitores, agricultores e dirigentes
das entidades: ASAMIL, Associação Divina Providência, Centro de Agroecologia no
Semiárido (CASA), Caritas NE 3 de Caetité, Centro Comunitário da Paróquia São
Pedro de Aracatu (CCPSP), Associação de Agricultores Familiares Camponeses da
Bahia (ASFAB) e ADIPS.
A Formação em Convivência com o
Semiárido implica em algumas perspectivas como,ouvir os agricultores e
agricultoras, a partir das práticas de convivência com o semiárido, refletir
nossas práticas em comum com os agricultores, internalizar nossas reflexões e
conhecimentos sobre o Semiárido, além de construir parâmetros aproximadamente
comuns sobre convivência com o Semiárido.
Ângelo Costa (CASA) e Robério
Aires (CCPSP) fizeram um breve relato de acontecimentos importantes em nossa
região, além das lutas, dificuldades e desafios enfrentados pelo povo nos
últimos anos, entronizando assim, a temática para os três dias de formação. No
dia seguinte, os participantes foram visitar experiências nos municípios de
Caetité, Riacho de Santana e Iuiu. No terceiro dia, foram socializadas as
experiências vivenciadas em cada grupo, destacando elementos importantes no
processo de construção de uma nova realidade para os agricultores e
agricultaras de nossa região.
Comunidade Pau Branco
em Riacho de Santana. Foto: Bruno Bowbor/ASAMIL |
As visitas de experiências aconteceram
nas propriedades de Seu Edivaldo Mendes e dona Francisca da Silva, conhecida popularmente,
como dona Mocinha, comunidade quilombola Vereda dos Cais, em Caetité, na
comunidade Casa Armanda II, município de Iuiu e na Comunidade Pau Branco,
Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) e Escola Família Agrícola, em Riacho de
Santana. “Não tenho tudo, mas tenho o suficiente”. Essas foram as palavras
citadas por seu Edivaldo Mendes ao abriu as portas de sua propriedade para que
pudéssemos conhecer sua experiência.
Para Ângelo Costa, um dos
fundadores do CASA, o encontro foi importante porque as
entidades da região sudoeste se reuniram para avaliar o trabalho de Convivência
com o Semiárido. “São entidades que constroem cisternas, mas que dão muitos
cursos de formação para as famílias que moram na roça, a entender melhor como
conviver com esse clima, como produzir mais, como guardar água para poder
passar os meses de seca sem necessidade de água de beber, como guardar água para
poder produzir uma horta e junto da horta ter um quintal produtivo perto de
casa e que esse quintal possa ter frutas, verduras, tudo que precisa dentro de
casa e vender o excedente para a merenda escolar. Ao mesmo tempo, ver ainda o
que falta e as falhas que existem nesse trabalho para poder saber agir no
futuro. Por exemplo, vimos que nem todas as famílias que recebem a cisterna de
produção têm um quintal produtivo. Fica sempre a pergunta, como envolver as
outras famílias que produzam um pouco mais?”, questiona Ângelo Costa.
Seu Edivaldo Mendes na Comunidade Quilombola Vereda dos Cais, município de Caetité. Foto: Luciane Barros/Divina Providência |
Segundo Ivo Costa(Associação
Divina Providência), o encontro de convivência é marcado pela a celebração de
tantas experiências e inovação no Semiárido, é acreditar a cada dia que estamos
em terras onde corre leite e mel. Visitar agricultores e agricultoras para ver
e ouvir suas experiências é perceber que estamos caminhando e conquistando nossos
direitos sem esquecer-se dos deveres, a cada dia buscando alternativas de
colher a água e semear conhecimentos em uma convivência viável para todos.
Caio Rodrigues(ASAMIL), destaca a
importância da formação para as equipes das entidades presentes. “Foi um
momento rico. Tivemos aí mais de 70 pessoas, entre mulheres, técnicos,
discutindo e visitando as comunidades, bebendo na fonte dos agricultores
familiares, que são a razão do nosso trabalho. São eles que produzem a
convivência com o semiárido no dia a dia, mas também bebendo na fonte da nossa
história, relembrando nossa trajetória, o início da nossa organização e os
desafios que a gente já teve na caminhada. O pessoal saiu bem animado e pronto
para seguir construindo outro sertão”, afirma.
Comunidade
Casa Armada II, município de Iuiu. Foto: Juliano Vilas Boas/CASA |
Suzane Ladeia (Caritas NE 3 de
Caetité) avalia de forma positiva a formação. “Foi positivo, no sentido de
tornar a convivência com o Semiárido, uma forma mais dinâmica entre as
entidades que fazem parte da microrregião, além de ter traçado até agora uma
articulação mais conjunta dentro dessa microrregião para a atuação da
convivência com o Semiárido. Isso desde a dinâmica da construção de cisternas, na
dinâmica da semente, do recaatingamento, da dinâmica de tornar esses
agricultores também no círculo de conversa e de prosa dentro deste contexto de
convivência com o Semiárido em nossa microrregião”, conclui.
Socialização
das experiências vivenciadas nos três municípios. Foto: Jamille Amorim/CCPSP |
Por Luciane Barros
Comunicadora Popular
Divina Providência
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